O mercado brasileiro de boi gordo apresentou valorização generalizada na última semana, impulsionado por uma demanda aquecida e escalas de abate apertadas. No entanto, o poder de compra da população pode limitar altas mais expressivas.
De acordo com Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, os frigoríficos continuam enfrentando dificuldades para compor suas escalas de abate, que se mantêm entre três e seis dias úteis na média nacional.
“A demanda por carne bovina segue forte no mercado de exportação. O Brasil permanece como a melhor alternativa global para o fornecimento de proteína animal, destacando-se em relação aos concorrentes”, explica Iglesias.
Alta nos preços e cenário de curto prazo
O mercado atacadista também registrou aumento nos preços ao longo da semana. Iglesias destaca que, a curto prazo, ainda há espaço para reajustes, sustentados pelo desempenho das exportações, que têm reduzido a oferta no mercado doméstico.
“Essa dinâmica é essencial para justificar novos aumentos nos preços internos da carne bovina. Contudo, o baixo poder aquisitivo da população brasileira deve limitar aumentos muito acentuados nos cortes bovinos”, avalia o analista.
Na última semana, o preço do quarto dianteiro do boi subiu 8,82%, cotado a R$ 18,50 por quilo, ante R$ 17 na semana anterior. Já o quarto traseiro registrou leve recuo de 1,12%, sendo negociado a R$ 26,50 por quilo, frente aos R$ 26,80 praticados anteriormente.
Exportações em alta
As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada também apresentaram resultados positivos em janeiro de 2025. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil faturou US$ 335,83 milhões nos primeiros sete dias úteis do mês, com uma média diária de US$ 47,975 milhões.
O volume exportado foi de 66,397 mil toneladas, com média diária de 9,485 mil toneladas. O preço médio da tonelada atingiu US$ 5.057,90. Em comparação com janeiro de 2024, houve um aumento de 28,5% na receita média diária, um ganho de 14,9% no volume médio diário exportado e um avanço de 11,8% no preço médio.
Desafios e perspectivas
Embora o cenário exportador continue positivo, a capacidade de consumo interno será um fator crucial para determinar o comportamento dos preços nos próximos meses. A combinação de demanda externa aquecida e limitações no mercado interno deve manter o setor em alerta, especialmente no que diz respeito ao equilíbrio entre oferta e consumo.