Os preços agropecuários devem continuar pressionados em 2025, impulsionados pelo aumento dos custos da carne e do café, apesar da expectativa de uma supersafra de soja, que poderia aliviar parte desse impacto. Segundo economistas consultados pelo Estadão/Broadcast, efeitos climáticos, depreciação cambial e o ciclo atual do boi gordo são fatores centrais para a pressão sobre os preços no setor.
Carne: alta persistente
O ciclo pecuário do boi gordo e a crescente demanda por exportações devem elevar os preços da carne bovina, com previsão de alta de 17% na ponta e mais de 35% na média anual em 2025, segundo Francisco Pessoa, economista da LCA 4intelligence. Essa elevação afeta não só a carne bovina, mas também proteínas alternativas, como frango, porco e ovos.
Em 2024, as carnes no atacado acumularam uma alta de 37,40%, de acordo com a Fundação Getulio Vargas (FGV). Fabio Romão, também economista da LCA 4intelligence, destaca que a dinâmica atual exclui a possibilidade de queda nos preços agropecuários em 2025, projetando um aumento de 4,7% para o ano, embora mais moderado em relação ao avanço de 15,20% em 2024.
Café: pressão significativa
O café, que já registrou alta de 120,40% no atacado em 2024, continuará sendo um fator de pressão em 2025, segundo o economista Matheus Dias, da FGV. Ele ressalta que o dólar valorizado e os repasses adiados pela demanda no setor cafeeiro contribuirão para manter os preços elevados. O peso significativo do café no Índice de Preços ao Produtor Amplo Agropecuário (IPA-Agro) reforça essa tendência.
Impacto no IPCA e alimentação doméstica
A alta nos preços das carnes e do café deve refletir no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), especialmente na alimentação no domicílio. A LCA projeta que as carnes continuarão registrando elevações de dois dígitos, com um aumento estimado de 16,4% no IPCA em 2025, após a alta de 20,84% em 2024. Já a inflação da alimentação no domicílio deve se manter praticamente estável, passando de 8,23% para 8,2%.
Mesmo com a expectativa de uma supersafra de soja para 2025, que poderia amenizar os custos no atacado, o cenário para proteínas e café segue restritivo, reforçando a pressão sobre os preços agropecuários no próximo ano.